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Notícias - MedSênior

Dia do Enfermeiro: eles contam histórias marcantes e “lições” da pandemia na vida pessoal e profissional


A pandemia virou o mundo e a vida das pessoas do avesso. De uma hora para outra, tudo mudou: a impossibilidade de circular, mudanças na forma de trabalhar, aprender e ensinar, imposições totalmente novas como o uso de máscara e o distanciamento social. Difícil ter passado “ileso”, mas a vivência mais forte, na certa, foi a de profissionais de saúde, como médicos, enfermeiros e demais profissionais que atuam na assistência e no serviço médico-hospitalar. Em 12 de maio, dia dedicado ao profissional de Enfermagem, a palavra está com os enfermeiros: eles nos contam o que mudou em suas vidas pessoal e profissional após a fase mais crítica da pandemia de Covid-19.

“Vi uma dor pessoal se repetir no profissional”

“Há 11 anos, me dedico à enfermagem como sendo uma missão de muita importância na minha vida. Já passei por pronto-socorro adulto, atuei como enfermeira na área psiquiátrica e hoje trabalho em uma UTI especializada em idosos. Atuo em um ambiente que já trata questões de saúde mais complexas e, no meu caso, tem o paciente da Terceira Idade que, em geral, demanda mais cuidados. O ato de cuidar, com humanização e afeto, é a base do meu trabalho. Não é fácil lidar com as dificuldades, tristezas e desafios de uma UTI para idosos. Convivo com a morte e a perda na minha rotina, tento dar o meu melhor e proporcionar a cada paciente uma experiência mais suave naquele momento de dor e, em alguns casos, de despedida da vida. 

A pandemia foi um período que ficará para sempre marcado na minha vida como pessoa e como profissional. Por mais que a gente esteja preparado para lidar com perdas e comunicá-las aos familiares, não consigo segurar as lágrimas ao pensar nessa época.  No caso da Covid-19, estávamos cuidando do público mais vulnerável para a doença. Trabalhamos incansavelmente para manter os pacientes vivos.

Vivi um episódio muito delicado. Uma  senhora estava internada com problemas cardíacos do pós-covid. Ela já tinha ficado internada durante a doença, a família era muito atenciosa e criamos laços muito fortes. Infelizmente, ela veio a óbito. Quando a família chegou para receber a notícia, eu acompanhei a equipe multidisciplinar que cuida dessa missão nada fácil, e ao abrir a porta me deparei com uma amiga, que era neta dessa paciente. Me vi no lugar dela. Moro com meus pais e minha avó, que morava com a gente, faleceu com o mesmo problema dessa paciente. Então, de repente, vi minha amiga perdendo a avó, sabendo exatamente o que ela estava sentindo. Foi um plantão que partiu meu coração. Vivi o luto dela e de toda a família”. Rachel Eça de Souza, 33 anos, enfermeira do Hospital MedSênior

Ouvir o paciente ajuda na recuperação

“Somos mais que enfermeiros e cuidadores. Acredito que, em nossa profissão, temos que saber ouvir e acolher. Sou enfermeiro há cinco anos e essa é umas das lições mais importantes que aprendi e que ficou ainda mais forte na pandemia. O paciente precisa do seu cuidado, na troca do medicamento, nos procedimentos de rotina, na ajuda para ir ao banheiro. Mas, nosso papel vai além disso e também passa por construir uma relação humanizada. Saber escutar, se colocar no lugar do outro, ser afetuoso. Acredito que essa relação de escuta ajuda até na recuperação do paciente. 
Sou muito grato em poder ouvir os pacientes e aproveitar essa experiência de vida para evoluir como ser humano. Na entrada do pronto-socorro, por exemplo, durante a triagem, já atendi idosos que ficaram mais calmos e tiveram melhoras em sintomas relacionados ou agravados pela ansiedade, pelo simples fato de terem sido acolhidos nessa chegada ao hospital. É essa atenção e esse olhar cuidadoso que nos movem como enfermeiros. 

Em geral, como seres humanos, não estamos preparados para ficar doentes. Não estamos preparados para a morte. Então, sempre me coloco no lugar da família, vivo a história de cada um e procuro sentir a dor do outro. Sou muito grato pela experiência que tenho no meu dia a dia, pelos vínculos que crio com as famílias e pela oportunidade de fazer a diferença na vida de cada um”, Leandro de Oliveira Silva, 31 anos, Enfermeiro do Pronto-Socorro do Hospital da MedSênior.

Compartilhar alegrias e angústias

“Eu vivo a enfermagem intensamente há 17 anos e, pelo menos metade da minha experiência profissional, é dedicada à assistência aos pacientes oncológicos. Aprendo diariamente com a dor do outro, sou um ser humano bem melhor hoje graças aos pacientes que passam por mim. Eu sempre levei muito a sério a missão de cuidar, de trabalhar com humanização e afeto, de ouvir o paciente. Mas, na oncologia, eu acrescentei uma alegria que já é presente em mim, mas que tento compartilhar com quem estou cuidando, para tornar o tratamento mais leve e menos agressivo.
A pandemia foi o momento mais difícil da minha trajetória como enfermeira. O câncer não espera, não respeita isolamento. Então, não podíamos parar nenhum dia. Além de cuidar e de preparar o paciente para receber a quimioterapia, fomos desafiados a lidar com o medo de quem está de frente pra uma doença grave e precisa continuar o tratamento mesmo sob a ameaça de um vírus. Nossa relação é de muita confiança e respeito e isso fez toda a diferença nesse momento de incerteza e de medo.

Enfrentar junto com o paciente e com a família as angústias, o medo e a dor, e tentar ser uma semente de esperança e um olhar cuidadoso faz com que mesmo a pior dor, que é a perda de um paciente, nos conforte porque fizemos o melhor. Vivemos o dia a dia das famílias, conhecemos histórias, compartilhamos aniversários, chegadas de netos... Tudo isso é muito gratificante”. Grazielle Pereira Meira Bosato, 40 anos, enfermeira oncológica da MedSênior. 
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